Tatiana Pedreira é psicóloga, psicoterapeuta e mãe. Ela vem pesquisando intensamente a infância nos últimos anos e tem se tornando mais e mais envolvida com o tema educação não-violenta e com o respeito à infância. Após se deparar com mais um dos muitos livros sobre adestramento de crianças, sua indignação a moveu a escrever o texto abaixo.
Outubro, mês das crianças… Vamos pensar na qualidade de vida delas?
Acabo de ter acesso a um dos inúmeros livros sobre “domesticação” de crianças que prometem milagres a partir de métodos que desconsideram por completo a saúde psíquica infantil. Sim, estes livros existem, e são muitos… Vendem como água, pois prometem a transformação de crianças em seres não trabalhosos, não inquietos e não incomodativos. Ou seja, em mini-adultos “super adaptados”, passivos e, infelizmente, adoecidos.
Um exemplo disso é a técnica de “encantamento de bebês” que promete noites de sono inteiras para pais e filhos à base de uma violência das mais severas contra um bebê: deixá-lo chorando sozinho. Inúmeros estudos indicam que isto provoca danos neurológicos, afetivos e inter-pessoais.
Por outro lado, pais que acolhem a criança em sua dor e reagem sensivelmente às suas necessidades numa época em que a dependência é natural, como na primeira infância, tendem a criar filhos mais autônomos, auto-confiantes, resilientes, responsáveis e empáticos. Serão, portanto, adultos capazes de se relacionar de forma mais saudável com o outro, com o mundo e consigo mesmos.
Para conhecer mais acerca do assunto, sugiro pesquisas acerca de apego seguro, criação com apego, disciplina positiva e psicobiologia infantil. Estas são boas chaves de pesquisa e de conexão com o universo infantil. Mas o simples desejo de penetrar nas referências da criança, mesmo que sem teorias ou ciência por trás, já nos ajuda muito nesta tarefa tão desafiante que é criar filhos com saúde psíquica e social.
Talvez estes filhos não sejam as crianças mais quietinhas do mundo; mas serão CRIANÇAS, plenamente: criaturas curiosas, criativas e seguras quanto ao necessário amparo e limite por parte de seus cuidadores.
O respeito à infância e à criança são não só possíveis, como preciosos para todos: para crianças, para os pais, para o vínculo entre eles e para nossa sociedade, que aos poucos se tornará menos violenta, mais salutar e permeada por respeito mútuo.
Se você gostou do texto, espalhe por aí! Vamos ajudar crianças e pais/mães na promoção de saúde psicológica e afetiva!
Por: Tatiana Pedreira
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