“Não deixe pra amanhã o que você pode fazer hoje”. Essa frase – tão conhecida e clichê – faz todo sentido quando o assunto é procrastinação. Porém, afinal, o que é procrastinação? Pode-se dizer que procrastinar é o ato de adiar desnecessariamente uma tarefa e/ou uma decisão. Dessa forma, mesmo que o motivo de adiar a tarefa não seja intencional, se há desconforto emocional, como culpa e insatisfação, é possível identificar, aí, um comportamento procrastinador.
É comum que as pessoas estabeleçam metas de executar novas tarefas para melhorar alguma condição, como, por exemplo: iniciar uma atividade física; aprender um novo idioma; arrumar o guarda-roupas; terminar de ler um livro; entre outras. Porém, frequentemente, essas pessoas tendem a adiar a execução dessas atividades.
Por que será que isso acontece? Em geral, as situações novas, desafiantes ou exigentes, costumam ser ansiogênicas. Isto é, pensar nelas pode evocar sentimentos desconfortáveis – como insegurança, nervosismo e desmotivação – e, assim, a percepção dessas novas situações começa a interferir no comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a situação for vista como algo difícil, desafiante, mas capaz de ser enfrentada, o indivíduo tende a seguir motivado para a ação. Entretanto, se a percepção da situação for relacionada ao medo de fracassar, algumas emoções desconfortáveis são evocadas, de modo que a ânsia por adiar o enfrentamento se concretiza. Nesse caso, o adiamento da tarefa traz uma sensação de alívio imediato, se concretizando como uma estratégia disfuncional do indivíduo em lidar com as dificuldades apresentadas – e um dos grandes problemas da procrastinação é, justamente, sua tendência à repetição.
Estudos apontam que um dos principais gatilhos para o comportamento procrastinatório é o medo de falhar, derivado da percepção de que a tarefa/decisão é difícil e que o erro não será tolerado. Por isso, indivíduos com grande receio de errar experimentam um alto grau de ansiedade quando um prazo, uma situação de avaliação se aproxima e, para reduzir a ansiedade, evitam a tarefa relacionada.
Para mudar esse padrão de comportamento, deve-se considerar algumas estratégias cognitivas e comportamentais. Assim, identificar o que você pensa sobre a tarefa é de suma importância. A partir daí, deve-se questionar o quanto esses pensamentos são realistas e quão provável é a projeção do futuro que está sendo feita. Uma outra estratégia possível, também, é ir à ação.
Algumas dicas básicas para lidar com comportamentos procrastinatórios são:
– Escreva todas as suas pendências e as divida em tarefas. Depois, organize cada tarefa (e seu respectivo passo-a-passo bem detalhado) de forma hierárquica – considerando os níveis de prioridade e de urgência. Na medida em que for executando cada item, dê um “check” nele.
– Passe a fazer listas diárias de tarefas possíveis de serem resolvidas. Seja realista e estabeleça metas possíveis para o seu dia.
Além disso, lembre-se que não há nada de errado em procrastinar. É preciso, porém, estar atento(a) à frequência desse comportamento e o quanto ele está lhe prejudicando.
Maria Emília Pimentel| CRP 03/14883
Psicóloga – Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Formação em Transtornos dos Impulsos – Cognitiva Scientia
Especialista em Terapia cognitivo-Comportamental – COGNITIVO WP
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