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Reconhecendo e transformando: o sofrimento psíquico de pacientes mulheres

O Projeto Mulher consiste em atividades terapêuticas específicas voltadas para questões de gênero e violência contra a mulher, inseridas dentro da grade de atividades oferecidas no hospital-dia psiquiátrico da clínica CICLOS.

Cada paciente que busca e inicia um tratamento em hospital-dia o faz por estar vivenciando um nível de sofrimento psíquico elevado. Cada um com suas histórias e motivos únicos. No entanto, a partir de uma escuta sensível e cuidadosa da equipe, foi possível perceber, nas falas trazidas por algumas das pacientes mulheres de nosso hospital-dia, uma linha que costurava e interligava algumas dessas falas e demandas. Nelas vinha à tona a vulnerabilidade à qual elas estavam submetidas em suas relações afetivas, familiares ou laborais, pura e simplesmente pela sua condição de mulher.

A nossa equipe passou a perceber algo muito delicado: algumas de nossas pacientes apresentavam um mesmo padrão: de estarem engajadas em relações abusivas com seus companheiros, filhos ou outros vínculos familiares e laborais. Abusos psicológicos, financeiros e físicos estavam na base do adoecimento psíquico dessas mulheres.

A ideia de incluir um grupo terapêutico exclusivo para essas pacientes, assim como, incluir outras atividades voltadas ao cuidado dessas questões, passou a ser amadurecida e elaborada cuidadosamente com a contribuição de toda a equipe – que, coincidentemente, é composta atualmente, unicamente por mulheres – no primeiro semestre, tendo seu início de fato no segundo semestre deste ano.

O nosso objetivo era fomentar um espaço de discussão sobre a temática e os diversos tipos de violência, impulsionando a construção do empoderamento social dessas mulheres e a mudança da realidade vivenciada; Os grupos buscam oferecer a possibilidade delas vislumbrarem novos caminhos e novas reflexões sobre as situações abusivas que as mulheres sofrem todos os dias, desde a divisão das tarefas domésticas, julgamentos, rótulos, desqualificações, exploração financeira, entre outros.

Apesar do grupo ter sido iniciado há pouco tempo e ter ainda poucos encontros, já é possível observar como esse espaço fechado só para mulheres tem servido para que elas tragam e mobilizem conteúdos antes nunca falados. Dentre os recursos utilizados estão rodas de conversa, textos, músicas populares, atividades lúdicas e expressivas como trabalhos manuais, apresentações teatrais breves, visitas a instituições, como o Instituto Feminino, entre outras. Além disso, há também uma parte mais pragmática que consiste num trabalho preventivo de informação e de reconhecimento de situações abusivas, que, sem dúvidas, também tem contribuído muito para a melhoria da qualidade de vida dessas mulheres.

Texto escrito por três das responsáveis pelas atividades:
Giselle de Andrade – Terapêuta Ocupacional – CREFITO 10637TO
Lucineia Rocha Oliveira – Assistente Social – CRESS 4.448
Tatiana Gonçalves de Souza – Psicóloga – CRP 03/9356

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